Zabela

Autor: Bento Sitóe
Titulo: Zabela - Uma Juventude Desperdiçada
Ano: 2013

Zabela, jovem adolescente, que vivia com seus pais e seus primos na Manhiça. Envolveu-se com o primo e acabou engravidando. Receando levar bronca dos pais ela foge para Lourenço Marques, hoje Maputo.

Zabela não tinha onde ficar em Maputo, foi socorrida pelo cobrador do machimbombo, que ao vê-la desamparada sem eira nem beira ele decide lavá-la para sua casa.

Armando, era casado. Ao chegar a casa, sua esposa não ficou muito satisfeita ao ver Zabela lá. Chegou a desconfiar que eles eram amantes e que o filho que Zabela esperava era dele.

O tempo passou, um dia a esposa de armando, ficou a espancar Zabela que até foi parar no hospital. Infelizmente, tinha perdido a criança. Com medo de voltar a casa do Armando, Zabela acabou ficando na rua. Como a humanidade não está ela toda perdida, apareceu uma alma caridosa que tirou ela da rua e foi deixa-la em casa da dona Penina para que fizesse um compasso de espera enquanto procurava trabalho.

A Sra. Penina era dona de um prostíbulo. Zabela até segurou-se para não levar a má vida que as outras meninas levavam. Mas, um dia o prostíbulo é invadido por militares, algo que era muito frequente. Foi uma verdadeira festa, nem a Zabela escapou. Os militares usaram e abusaram dela até perder os sentidos.

Com o andar do tempo, a dona Penina começou a exigir que Zabela pagasse pelo quarto onde dormia e pela comida que comia. Daí começou a má vida.

Começou a ter clientes, muitos clientes, mas o dinheiro ia para a dona do Prostíbulo. O mesmo acontecia com as outras meninas.

No meio de tanta clientela surgiu um príncipe que encantou-se com Zabela, o Gaspar. Ele já não era simples cliente, era uma espécie de namorado/cliente.

A dona Penina não gostou muito da ideia de uma das suas meninas estar a namorar, porque isso atrapalhava o negócio. Pra piorar, Zabela estava grávida de Gaspar. Foi aí que ele teve que pagar pelo  passe de Zabela. Era a única forma de tirá-la daquela vida.

Alugou uma bela casa, deu a ela a vida de princesa. Mas como azar não custa, um dia a Zabela é humilhada em asta pública por um ex-cliente. Aquilo foi demais para o Gaspar que foi-se embora, já que era casado, e nunca mais voltou.

Zabela foi despejada da casa onde vivia e teve que voltar a sua antiga vida. Teve que ir viver com a sua antiga colega do prostíbulo. Mais tarde arranjou um emprego de doméstica em casa da dona Maria do Carmo. Já levava uma vida normal. Só que ela envolve-se com um senhor casado da mercearia onde costumava fazer rancho e engravidou dele. O senhor Gonçalves cuidou bem de Zabela até ela dar a luz. Mas quem ficou pouco feliz foi a sua patroa, dona Maria do Carmo, pois Zabela teve um mulatinho, sendo o seu patrão branco isso tirou o sono da dona Maria do Carmo, que acabou mandando embora a ela de sua casa.

Zabela ficou desempregada e a viver, somente, as custas do senhor Gonçalves.

Ela um dia reencontra o homem que a ajudou quando chegou a Maputo. Como forma de gratidão pelo acolhimento e de vingança por ter levado porrada sem ter se envolvido com o Sr. Armando, Zabela decide meter-se com ele, traindo o português.

Não tardou pra engravidar novamente. Só que desta vez era do Armando. O português abandonou a ela na maternidade assim que se apercebeu que tinha nascido um negrinho.

O armando, também, fugiu à responsabilidade. Zabela, mais uma vez, estava na rua e com três crianças por cuidar.

Acabou pedindo asilo, mais uma vez, em casa de sua amiga que conhecera no prostíbulo da dona Penina.

Por não conseguir fechar as pernas, Zabela teve um monte de filhos, todos coloridos, cada um com seu pai.

Eis que ela deixa um conselho:

“Quando um homem chegar perto de ti, antes de lhe estenderes a mão, pergunta a ti própria o que ele quererá de ti. É que, não raras vezes, os homens fazem-se de carinhosos e gentis, quando na verdade tem intenções obscuras. O amor e o carinho que dispensam são apenas temporários, até conseguirem domar suas presas e lograrem seus intentos”.  

MS