As Andorinhas



















Autor: Paulina Chiziane
Titulo: As Andorinhas
Ano: 2008

As Andorinhas é uma obra da escritora moçambicana Paulina Chiziane. Nessa obra ela exalta três figuras incontornáveis do nosso país, que pouco tem se falado delas (Eduardo Mondlane, Lurdes Mutola e Ngungunhane), não é apenas uma espécie de biografia mas interioriza seus pensamentos  e a sua visão do país de forma particular e do mundo em geral. É uma autêntica homenagem a essas três figuras.
O livro está dividido em três partes. Onde começa com Ngungunhane, segue Mondlane e por fim Mutola.
Mostra o lado pouco explorado de Ngungunhane de como ele era para além da capa de imperador, suas vaidades e excessos.    
Com Mondlane ela fala dele caracterizando a sua infância, de como o pai, a mãe e a avó moldaram a sua personalidade. Ele ficou órfão de pai muito cedo mas teve uma boa influência de sua mãe e da sua avó.
Ele era inteligente e a educação que teve com os padres influenciou, sobremaneira, no seu percurso académico e até parar nos Estados Unidos, nas nações unidas. 
Casou-se e retornou à pátria amada para lutar pela unificação dos movimentos ora existentes em prol da libertação do jugo colonial, era carismático, com uma admiração que granjeou no seio da Frelimo. Termina com a traição que sofreu, que culminou com o seu assassinato.
Fecha com Lurdes Mutola, mostrando como ela era diferente das outras meninas. Desde cedo era virada para actividades masculinas.
Destacou-se no futebol, embora descriminada pelo desconforto que causava nos homens por jogar lado a lado e de igual pra igual, até a sua descoberta e encaminhamento para o atletismo. Daí vieram as conquistas das medalhas de ouro.

Nota do Leitor
Achei a obra muito interessante.
Durante a minha leitura fiquei marcado pelos seguintes pensamentos:
O sonho é a seara da vida. O ventre do tempo dá a luz novas auroras.
A vida é um peixe, carne e espinhas no mesmo petisco.
Viver é a arte de separar as espinhas da carne para saborear o petisco.
Dizia Mondlane: tenho diploma mas não tenho chão, tenho pão mas sofro com fome de um irmão. Ser nobre, ter chão e bom nome, isso é que é ser alguém.
Ser alguém é parar de chorar, é ver a tristeza a morrer e o sorriso a nascer.
É ter certeza de que um corpo morre para que outro cresça.
O coração humano é maior que o infinito.
Quem tem cabeça tem dinheiro na mão, quem pensa tem tudo.
A paz é o milho, semeia-se, temos que remover as pedras do solo para deixar o novo milho nascer
Uma victória ganha-se com coragem.
Eternidade: do milho de ontem e deste nascerá o milho de amanhã.
A eternidade é passagem, caminho, testemunho.
Tudo começa, cresce, termina e regressa com nova vida.
Todo parto é violento, a vida começa com lágrimas e termina com outras.
O choro é celebração do fim e do princípio.
Se órfão não é ser mendigo.
Choro e dor é a sina de todos os mortais.

Wilson Zandamela    

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