O Voo dos Fantasmas
Autor: Mélio Tinga
Título: O Voo dos Fantasmas
Ano: 2018
É uma obra do jovem escritor moçambicano Mélio Tinga. A mesma é composta
por nove contos.
O primeiro intitula-se o Fantasma de Baskeville, fala sobre um corpo que
aparece de forma misteriosa dentro de uma canoa, numa comunidade chamada Salamanjena,
dentro de um barco que vinha escrito Mr. Grieve Regular.
Muitos tiveram receio em aproximar-se, até que aparecerem dois pescadores
corajosos que levaram o corpo até o administrador, mas este mandou devolver o
defunto à praia.
Passaram-se dias e o corpo do defunto continuava a beira da praia. Depois
de um tempo a canoa desapareceu e ninguém mais ouviu falar no defunto, muito
menos na canoa.
O segundo conto intitula-se Os Gatos
do Mhum.
Eram gatos de estimação que partilhavam lençóis com o seu dono, até banho tomavam.
Chamavam-se Philla e Flittse. Mas um belo dia, os gatos voltaram-se contra o
dono.
Estrangularam-no e ainda atacaram o personagem que tentou buscar ajuda da polícia
pelo telefone. Infelizmente, quando a polícia chegou já estava inconsciente.
Depois dos gatos do mhum, segue-se A
Casa dos Fantasmas, conta a história de um militar que perde a vida
dormindo e depois da sua morte, a sua esposa, filho e a sogra começam a
sentir-se assombrados e acabam abandonando a casa.
O quarto intitula-se Fora dos Trilhos
e fala de um jovem foto-jornalista que recebe um telefonema do seu editor-chefe
para fotografar as imagens de um acidente de um carro que cortou a prioridade a
um comboio e este descarrila.
As imagens eram extremamente chocantes. Eram tantos mortos e feridos. E
essa imagem ficou marcada na memória do fotógrafo. E para sua desgraça ou
sorte, havia um que ainda respirava, era o maquinista e por sinal era o seu pai
que nunca conhecera. E este perdeu vida 3 dias depois.
O quinto conto intitula-se A Chuva.
Fala de uma chuva que ninguém previu, e chegou semeando desgraças nas
famílias e na comunidade.
Efinetro é um dos personagens que morreu engolido pela chuva quando estava
de visita em casa de um casal amigo.
Quando a chuva intensificou-se saíram todos a procura de um lugar mais seguro,
infelizmente ele desapareceu nas aguas. Dias passaram e o vendaval voltou e
levou consigo a esposa e os filhos do amigo do efinetro. Daí veio a pergunta “
o que se faz nesse mundo quando se está sozinho”.
O sexto conto relata a história da morte de Khesho. Um homem solitário que
abandonou a esposa e seus três filhos, e esta jurara, na altura, mandar
matá-lo.
Um belo dia, Eduardo Khesho acordou alegre, com cheiro e aparência de
morto. Pelo menos é o que diziam os que com ele cruzavam na rua.
Saiu para o seu jantar, no lugar habitual, no restaurante dos pobres
portugueses.
Enquanto jantava, uma viatura com os assassinos o aguardava do lado de
fora.
Mal saiu do restaurante, foi cravado de balas e caiu imóvel no local.
O conto a seguir fala de um milagre.
Numa cidade chamada Kufatsakala havia rumores de que Deus iria operar
milagres naqueles dias. As populações acamparam durante dias a beira da praia e
Deus não apareceu.
Num desses dias as crianças acordaram doentes e os homens concordaram que
fossem colocadas no fundo do mar, pois acreditavam que estariam em contacto com
Deus e este os protegeria. As crianças regressaram saudáveis e com escamas nos
braços acreditando terem sido transformadas em pequenos peixes. Na noite
seguinte todos sonharam com um Deus de chinelos, magro, alto e negro que os
dava banho e abençoava.
Dia seguinte, todos tinham sido realmente transformados em peixes e até se
esqueceram que alguma vez foram humanos.
O penúltimo conto intitula-se, O hambúrguer que matou o George
Conta a história de um jovem que morre depois de ter consumido um hambúrguer
de peixe e tomate no restaurante onde habitualmente almoçava. Ele caiu duro no
chão e os que estavam a sua volta não acreditaram que ele estivesse mesmo
morto.
O último conto fala de uma história de amor não correspondido de um jovem
chamado Basmeu, que vinha de uma família humilde e que se apaixonou pela filha
de um deputado.
Basmeu nunca tinha tido a oportunidade de conversar com ela. Até que
decidiu pedir emprego de jardineiro em casa da moça só para estar perto dela. Um
dia acabou se declarando e o pai da menina deu-lhe um pontapé na bunda.
Nota do Leitor
O voo dos fantasmas é uma obra com um título sugestivo mas que não me excitou tanto, pois apesar de ter nove contos, a maior parte são muito curtos e terminam no momento em que começam. Embora os contos caracterizem-se por serem mais breves que o romance e a novela, eu achei a maior parte muito fraca, aprendi pouco lendo essa obra.
Uma das coisas que me fez desgostar da obra é que, em alguns contos tive dificuldades em identificar as personagens. Mas importa referir,
que fui marcada pelos contos “Chuva” e “O pobre e os seus amores” o primeiro
porque levou-me a reflectir sobre a importância da família e a insignificância
da vida quando estamos sozinhos no mundo. No segundo conto tomei as dores da
personagem que foi amar alguém que não era do seu “tamanho”.
Em contos de fadas, habituamos-nos a
finais felizes, mas olhando para a nossa realidade, de uma sociedade
calculista, parece que temos que educar os nossos corações a aprenderem a
amar o que é possível e que está ao nosso alcance. Pensando bem, a obra não é
tão má como parece.
MS
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